Copiei do indispensável Náuseas!
A novela BBB chegou ao fim, ao menos para a minha pessoa. Monique alegou que não sofreu abuso ou estupro, que estava consciente.
Fez isso após quatro horas de conversa com produção e uma hora e meia
de depoimento. Fez isso após ser jogada para lá e para cá sem saber
direito o que se passava por dois longos dias em que a Globo fez
contorcionismo para fingir que nada havia ocorrido, sem lembrar direito
do que fez ou não fez, sem poder ver o que havia feito, ou não. Fez isso
na companhia de advogados da Globo, e não dela. Que cada um tire suas
próprias conclusões, eu tenho cá as minhas.
O caso agora está nas mãos da polícia civil e ministério público do Rio de Janeiro, além do Ministério Público Federal - SP que abriu procedimentos para apurar violação dos direitos da mulher no infeliz programa. Também o Ministério das Comunicações solicitou as gravações à emissora e a Secretaria de políticas para mulheres acompanha o caso.
Os argumentos com os quais tive que me deparar, para variar, transformaram Monique em, no mínimo, "provocadora" do ocorrido. É bastante comum que num circo destes a vítima de um abuso acabe por negar o acontecido por vergonha, medo, principalmente pela forma como foi exposta ao país inteiro como co-responsável pela estupidez que a rede Globo de Televisão deixou que passasse. Talvez tenha falado mais alto o desejo de fama e de dinheiro que afinal é o que leva as pessoas ao programa em questão.
O machismo impera, sorridente, olha pra mim e diz: "viu? Eu disse". É, disse. A TV diz todos os dias, implicita ou explicitamente que nós mulheres é que causamos esta violência toda. E dá-lhe bunda pra lá, silicone pra cá, rainha da beleza, corpo escultural, objeto de desejo. Lugar da violência, como já escrevi e não repetirei.
Então, no pano de fundo, além do machismo que impera e aponta Monique como "a piranha que sabia muito bem o que estava fazendo", mesmo com toda a confusão explícita por parte da moça, em suas manifestações a respeito do que rolou no quarto com Daniel; repousa a regulação da mídia, ou melhor, a falta dela. Não há limites para o desrespeito da Globo com os direitos das pessoas. E não há limite legal que possa ser acionado, porque não há regulação de mídia.
E regulação de mídia não é censura, assim como classificação etária também não é e já está na mira das emissoras para ser derrubada, mas cada vez que se tenta erguer a bandeira da regulação (prevista pela constituição) no Brasil, os justiceiros gritam "censura" e infelizmente não temos o mesmo espaço que eles para colocar nosso contraponto. Temos a rede, mas a rede alcança meros 25% da população, descontando aí a parcela que a utiliza apenas nos grandes portais, pertencentes à mesma mídia. Complicado.
Mas quem tiver acesso, quem está assistindo aos desnudamentos que as redes sociais tem causado à grande mídia, movimento crescente nos últimos anos e principalmente depois das eleições presidenciais de 2010, quem começa a perceber aqui e ali que a grande mídia só faz prejudicar pessoas e inteligências, seja com sua programação pífia, que despreza a riqueza de nossa cultura e decreta que rimas pobres e baixaria é do que gosta "o povo", seja no seu jornalismo parcial que acusa (gratuitamente ou não) a uns e esconde a sujeira de outros, quem percebe precisa tomar as rédeas deste bem precioso que é a comunicação e se unir aos que já batalham por pluralidade de informação e responsabilidade jornalística em nosso país.
Pequenas ações contribuem, desde produzir informação através de blogs, twitter até apenas compartilhar com quem não tem acesso um outro mundo além daquele editado pelas emissoras de televisão. Um mundo de artistas ricos, grandiosos, de músicos talentosos que, perdoem-me, fariam Michel Teló permanecer anônimo ou então o incentivariam a ir além do "ai, se eu te pego". Não, não sou intelectual e não exijo eruditismo em tempo integral. Mas há poesia na simplicidade, basta lembrar de Cartola, Gonzaguinha, Riachão, entre tantos outros que opa! Você sabe quem são? Conhece suas obras? Não. Mas você deve estar por dentro de todos os hits putanheiros da atualidade.
E se tivéssemos, neste país enorme e de grandes contrastes, mais de 5 emissoras de TV aberta (fora as 215165148 TV's religiosas a explorar a miséria humana), se tivéssemos programação regional, se tivéssemos acesso ao mundo real do povo, poderíamos escolher livremente entre uma bobajada e uma poesia, entre um jornalismo grotesco e sensacionalista e um jornalismo sério. Mas pense bem, não temos esta opção. Resta-nos desligar a TV, mas isso também não será a solução, o ser humano quer se ver, quer se refletir, que comunicar e ser comunicado.
E como só a baixaria e a degradação tem dado Ibope, é o que as pessoas (re) produzirão. A discussão vai fundo nas raízes da nossa sociedade doente, mas isto é conversa para uma outra ocasião. Por hoje, desligo a TV ofendida em minha condição de mulher numa sociedade machista e cínica, porém também me sinto orgulhosa. Não engulo mais isso, e sei que aos poucos, muita gente também não vai mais engolir. Talvez não leve tanto tempo assim quanto a gente imagine, já que as emissoras tem tido que rebolar para dar respostas aos questionamentos que nascem na rede. E enquanto isso, eu vou encher o seu saco.
O caso agora está nas mãos da polícia civil e ministério público do Rio de Janeiro, além do Ministério Público Federal - SP que abriu procedimentos para apurar violação dos direitos da mulher no infeliz programa. Também o Ministério das Comunicações solicitou as gravações à emissora e a Secretaria de políticas para mulheres acompanha o caso.
Os argumentos com os quais tive que me deparar, para variar, transformaram Monique em, no mínimo, "provocadora" do ocorrido. É bastante comum que num circo destes a vítima de um abuso acabe por negar o acontecido por vergonha, medo, principalmente pela forma como foi exposta ao país inteiro como co-responsável pela estupidez que a rede Globo de Televisão deixou que passasse. Talvez tenha falado mais alto o desejo de fama e de dinheiro que afinal é o que leva as pessoas ao programa em questão.
O machismo impera, sorridente, olha pra mim e diz: "viu? Eu disse". É, disse. A TV diz todos os dias, implicita ou explicitamente que nós mulheres é que causamos esta violência toda. E dá-lhe bunda pra lá, silicone pra cá, rainha da beleza, corpo escultural, objeto de desejo. Lugar da violência, como já escrevi e não repetirei.
Então, no pano de fundo, além do machismo que impera e aponta Monique como "a piranha que sabia muito bem o que estava fazendo", mesmo com toda a confusão explícita por parte da moça, em suas manifestações a respeito do que rolou no quarto com Daniel; repousa a regulação da mídia, ou melhor, a falta dela. Não há limites para o desrespeito da Globo com os direitos das pessoas. E não há limite legal que possa ser acionado, porque não há regulação de mídia.
E regulação de mídia não é censura, assim como classificação etária também não é e já está na mira das emissoras para ser derrubada, mas cada vez que se tenta erguer a bandeira da regulação (prevista pela constituição) no Brasil, os justiceiros gritam "censura" e infelizmente não temos o mesmo espaço que eles para colocar nosso contraponto. Temos a rede, mas a rede alcança meros 25% da população, descontando aí a parcela que a utiliza apenas nos grandes portais, pertencentes à mesma mídia. Complicado.
Mas quem tiver acesso, quem está assistindo aos desnudamentos que as redes sociais tem causado à grande mídia, movimento crescente nos últimos anos e principalmente depois das eleições presidenciais de 2010, quem começa a perceber aqui e ali que a grande mídia só faz prejudicar pessoas e inteligências, seja com sua programação pífia, que despreza a riqueza de nossa cultura e decreta que rimas pobres e baixaria é do que gosta "o povo", seja no seu jornalismo parcial que acusa (gratuitamente ou não) a uns e esconde a sujeira de outros, quem percebe precisa tomar as rédeas deste bem precioso que é a comunicação e se unir aos que já batalham por pluralidade de informação e responsabilidade jornalística em nosso país.
Pequenas ações contribuem, desde produzir informação através de blogs, twitter até apenas compartilhar com quem não tem acesso um outro mundo além daquele editado pelas emissoras de televisão. Um mundo de artistas ricos, grandiosos, de músicos talentosos que, perdoem-me, fariam Michel Teló permanecer anônimo ou então o incentivariam a ir além do "ai, se eu te pego". Não, não sou intelectual e não exijo eruditismo em tempo integral. Mas há poesia na simplicidade, basta lembrar de Cartola, Gonzaguinha, Riachão, entre tantos outros que opa! Você sabe quem são? Conhece suas obras? Não. Mas você deve estar por dentro de todos os hits putanheiros da atualidade.
E se tivéssemos, neste país enorme e de grandes contrastes, mais de 5 emissoras de TV aberta (fora as 215165148 TV's religiosas a explorar a miséria humana), se tivéssemos programação regional, se tivéssemos acesso ao mundo real do povo, poderíamos escolher livremente entre uma bobajada e uma poesia, entre um jornalismo grotesco e sensacionalista e um jornalismo sério. Mas pense bem, não temos esta opção. Resta-nos desligar a TV, mas isso também não será a solução, o ser humano quer se ver, quer se refletir, que comunicar e ser comunicado.
E como só a baixaria e a degradação tem dado Ibope, é o que as pessoas (re) produzirão. A discussão vai fundo nas raízes da nossa sociedade doente, mas isto é conversa para uma outra ocasião. Por hoje, desligo a TV ofendida em minha condição de mulher numa sociedade machista e cínica, porém também me sinto orgulhosa. Não engulo mais isso, e sei que aos poucos, muita gente também não vai mais engolir. Talvez não leve tanto tempo assim quanto a gente imagine, já que as emissoras tem tido que rebolar para dar respostas aos questionamentos que nascem na rede. E enquanto isso, eu vou encher o seu saco.
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