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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Eis uma das razões pelas quais eu tenho o direito de proclamar meu nojo em face das religiões: Igreja Católica sabia desde 1978 de assassinados pela ditadura argentina

 
Videla admitiu recentemente a morte de 8 mil na luta contra a "subversão", mas é estimado em 30 mil o número de vítimas (Foto: Gabby DC. Flickr)

São Paulo – Documentos secretos mostram que a cúpula da Igreja Católica argentina sabia desde 1978 que os desaparecidos da ditadura argentina (1976-83) haviam sido assassinados. Diálogos revelados pela edição de hoje (6) do jornal argentino Página12, de Buenos Aires, revelam que o então ditador Jorge Videla confessou a três cardeais que havia crimes em massa cometidos pelo regime – ainda que ele desse aos fatos outro nome.
As conexões dos líderes religiosos com a repressão não são novas, mas o diálogo guardado em um arquivo da Conferência Episcopal, no centro da capital, revela um alto nível de cumplicidade e que já então os ditadores admitiam a morte dos sequestrados, questão que foi reconhecida oficialmente por Videla há poucas semanas. 
Em 10 de abril de 1978, Videla teve um almoço com a Comissão Executiva da Igreja Católica argentina, então formada por Raúl Primatesta, Vicente Zazpe e Juan Aramburu. Para o ditador, mesmo os sacerdotes desaparecidos não eram presos políticos, mas “delinquentes subversivos e econômicos”, centro da argumentação que justificou o assassinato de 30 mil pessoas durante os sete anos de regime. Ao escutar que as prisões eram ações tomadas para combater o terrorismo, Primatesta chega a lamentar que Videla não possa adotar todas as medidas que julgue necessárias para dar cabo do que considera problemas. 
Em certo momento, os cardeais chegaram a expressar preocupação por eventuais excessos. O presidente deixou claro que não podia ter certeza sobre quem estava sequestrado e quem estava morto. “Uma série de perguntas que a autoridade do governo não pode responder sinceramente pela consequência sobre as pessoas”, observa o documento, antecipando em 34 anos a versão apresentada por Videla de que cada repressor tinha noção apenas das mortes ocorridas em sua jurisdição, sem uma visão de todo sobre o tamanho da repressão. No último mês, em uma entrevista, o ditador admitiu a morte de ao menos 8 mil pessoas.
Primatesta observou que o método de desaparição de pessoas poderia, em algum momento, colocar em risco a implementação das mudanças necessárias pelo governo,  já que provocava aflição entre os argentinos. Os chefes da Igreja Católica chegam a perguntar a Videla qual versão sobre as mortes deveriam apresentar aos fiéis.
Aramburu assinala em seu registro que quando Videla reiterou que “não encontrava solução, uma resposta satisfatória, eu lhe sugeri, pelo menos, que dissessem que não estavam em condições de informar, que dissessem que estavam desaparecidos”. Primatesta acrescentou que a Igreja Católica, “consciente do estado caótico do país”, tinha a intenção de continuar colaborando para a ditadura. 

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