Minha militância permitiu-me conhecer muita gente legal, como Maju Giorgi, ser humano indispensável que torna a nossa caminhada de luta um pouco mais fácil.
Divido com meus quase 8 leitores este belo texto, de derramada demonstração de amor. Obrigado, Maju, dizemos todos aqui em casa.
Divido com meus quase 8 leitores este belo texto, de derramada demonstração de amor. Obrigado, Maju, dizemos todos aqui em casa.
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Copiei de Todos Iguais
Eu
tenho um filho gay, é verdade. O meu filho já é um homem. Um homem que
sempre foi amado independente da sexualidade. Foi amado, e amparado por
mim desde sempre, pelo pai, pela irmã, pela minha família toda. Foi quase
sufocado de tanto amor e cuidado. Foi uma daquelas raridades que sempre
soube quem era e o que queria fazer, se assumiu aos 14 anos e com 15 já
trabalhava onde queria e estudava o que queria. Com 23 anos é um
profissional de sucesso, um guerreiro com uma carreira em ascenção,
carreira essa que não tem muito espaço para homofóbicos. Tem uma cultura e
uma criatividade invejáveis. É um menino bonito que faz sucesso entre
homens e mulheres. É financeiramente independente.
NUNCA esta sozinho, tem tantos amigos
que precisa se desdobrar em mil para agradar a todos. Está em um
relacionamento estável e para completar nasceu e vive em um dos maiores
centros urbanos do mundo, que já demanda um menor teor homofóbico. É
claro que ele não esta livre de levar uma lâmpada na cara, mas esta
muito mais protegido que a maioria dos LGBTTs. E mais, é completamente
aceito por aqueles com quem escolheu dividir a vida, então, senão é
feliz, pelo menos esta bem armado para ser.
Acho que cumpri bem minha missão, ele
não é mais meu, apesar de que estarei sempre aqui para ele, hoje ele é
um cidadão do mundo. Muitas vezes, eu me pergunto a que horas nessa
minha caminhada, minha luta deixou de ser por ele, ou pelo menos SÓ por
ele. Que dia será que foi que eu percebi que quem realmente precisava da
minha voz, era aquela travesti diariamente, segregada e ridicularizada
lá naquela cidadezinha no meio do nada, onde as pessoas tem tempo de
sobra para cuidar da vida alheia??? Era aquele menino afeminado da
periferia de um grande centro, cujos pais, como último e desesperado
artifício ou mágica para perpetuar alguma esperança dentro deles na vida
tão massacrada e sem alegria, recorreram a Deus dentro de um desses
milhares de templos evangélicos fundamentalistas que “nascem “todos os
dias por ai, e que ao invés de paz, trazem a tortura moral.
Quem precisa de mim é aquele “ovo frito”
que sonha com o Nike do camelô e viajar para o Rio de Janeiro, porque
nunca ouviu falar de Jeremy Scott, nem sabe onde fica a Croácia e esta
longe de ser Hype, e vai ainda sofrer muita homofobia e preconceito
INCLUSIVE dos próprios gays, trabalhando naquela lojinha lá naquele
bairrozinho, simplesinho e afastado. E aquela menina, que quer jogar
futebol, ou lutar judô e não cabe no estereótipo de forma alguma??
Trans que querem mudar o nome sem precisar nascer de novo enquanto
cidadãos? O casal que sonha em adotar uma criança?? Os que querem se
casar? E os estigmas?? Quero limpar o mundo de todos eles,
principalmente, esse tão absurdo da promiscuidade e da prostituição. O da
pedofilia então nem se fala. Eu quero, PRECISO tirar todos os gays de
dentro do armário, porque nosso exército precisa de TODOS eles.
Minha luta definitivamente não é mais
pelo meu filho, ele foi só o estopim que criou este incêndio dentro de
mim e que eu espero não se apague NUNCA!!! Eu conheço transexual
diretora de escola pública, travesti que não tem ficha corrida, mas sim,
Curriculum Vitae com inúmeras graduações. Sabe por que??? Porque além
do esforço pessoal, existiu a OPORTUNIDADE!!! O presidente dos Estados
Unidos é negro. Será que algum gay já foi presidente dos Estados Unidos?
Ou do Brasil? Ou da ONU, ou de uma gigante multinacional??? Minha
opinião é que muito provavelmente SIM, mas meu sonho é com o dia que os
ASSUMIDAMENTE gays estejam lá. E que mais tarde, isso se torne tão
irrelevante, que o presidente dos Estados Unidos venha a ser um ser
humano com muitas características, e que a cor e a sexualidade não
precisem evidência.
Vamos nos empurrar pra frente, vamos dar
oportunidades de trabalho para os nossos, usar nosso pink money a nosso
favor, vamos nos ajudar e dar voz aos que não tem, acabar com o
preconceito entre nós mesmos, gay, lésbica, TTs, Bi, ovo frito, urso,
lontra, indie, barbie, biba, o que interessa??? O anseio é o mesmo, a
luta é a mesma. Vamos, como diria Ivone Pita, nos
chutar para cima e avante!!! Nós não temos noção da nossa força AINDA,
mas teremos num futuro muito próximo. Conte sempre comigo... hoje,... minha
luta é por vocês.
Majú Giorgi
Uma Mãe pela Igualdade
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