Meu filho Jean, meu neto German e eu, no Dia Internacional de Luta contra a LGBTT-fobia. Estrebuchem, almeidinhas de merda!
Desde que passei a tratar de temas ligados à luta do povo LGBTT, por decorrência do dever incontornável que tenho de proteger meu filho mais novo, de quando em vez aportam aqui comentaristas - sempre escondidos nos biombos confortáveis do anonimato - e me "xingam" de gay, de enrustido e epítetos assemelhados.
Não sabem os imbecis que não me sinto, em absoluto, ofendido.
Valho-me deste belo texto de Fabrício Carpinejar como resposta a todos aqueles que, chafurdando nas pocilgas do preconceito e na intolerância, vomitam sua abjeta e letal LGBTT-fobia e, de modo evidente, ameaçam a vida do meu filho e, portanto, ameaçam minha família.
Fodam-se vocês todos, almeidinhas de merda!
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Copiei de Poesia, Um Santo Remédio
Pode
me chamar de gay, não está me ofendendo. Pode me chamar de gay, é um
elogio. Pode me chamar de gay, apesar de ser heterossexual, não me
importo de ser confundido. Ser gay me favorece, me amplia, me liberta
dos condicionamentos. Não é um julgamento, é uma referência. Pode me
chamar de gay, não me sinto desaforado, não me sinto incomodado, não me
sinto diminuído, não me sinto constrangido.
Pode
me chamar de gay, está dizendo que sou inteligente. Está dizendo que
converso com ênfase. Está dizendo que sou sensível. Pode me chamar de
gay. Está dizendo que me preocupo com os detalhes. Está dizendo que dou
água para as samambaias. Está dizendo que me preocupo com a vaidade.
Está dizendo que me preocupo com a verdade. Pode me chamar de gay. Está
dizendo que guardo segredo. Está dizendo que me importo com as palavras
que não foram ditas. Está dizendo que tenho senso de humor. Está dizendo
que sou carente pelo futuro. Está dizendo que sei escolher as roupas.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que cuido do corpo, afino as cordas dos traços. Está dizendo que falo sobre sexo sem vergonha. Está dizendo que danço levantando os braços. Pode me chamar de gay. Está dizendo que choro sem o consolo dos lenços. Está dizendo que meus pesadelos passaram na infância. Está dizendo que dobro toalha de mesa como se fosse um pijama de seda.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou aberto e me livrei dos preconceitos. Está dizendo que posso andar de mãos dadas com os anéis. Está dizendo que assisto a um filme para me organizar no escuro. Pode me chamar de gay. Está dizendo que reinventei minha sexualidade, reinventei meus princípios, reinventei meu rosto de noite. Pode me chamar de gay. Está dizendo que não morri no ventre, na cor da íris, no castanho dos cílios. Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou o melhor amigo da mulher, que aceno ao máximo no aeroporto, que chamo o táxi com grito.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que me importo com o sofrimento do outro, com a rejeição, com o medo do isolamento. Está dizendo que não tolero a omissão, a inveja, o rancor. Pode me chamar de gay. Está dizendo que vou esperar sua primeira garfada antes de comer. Está dizendo que não palito os dentes. Está dizendo que desabafo os sentimentos diante de um copo de vinho. Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou generoso com as perdas, que não economizo elogios, que coleciono sapatos.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou educado, que sou espontâneo, que estou vivo para não me reprimir na hora de escrever. Pode me chamar de gay. Que seja bem alto.
A fragilidade do vidro nasce da força e do ímpeto do fogo.
Fabrício Carpinejar.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que cuido do corpo, afino as cordas dos traços. Está dizendo que falo sobre sexo sem vergonha. Está dizendo que danço levantando os braços. Pode me chamar de gay. Está dizendo que choro sem o consolo dos lenços. Está dizendo que meus pesadelos passaram na infância. Está dizendo que dobro toalha de mesa como se fosse um pijama de seda.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou aberto e me livrei dos preconceitos. Está dizendo que posso andar de mãos dadas com os anéis. Está dizendo que assisto a um filme para me organizar no escuro. Pode me chamar de gay. Está dizendo que reinventei minha sexualidade, reinventei meus princípios, reinventei meu rosto de noite. Pode me chamar de gay. Está dizendo que não morri no ventre, na cor da íris, no castanho dos cílios. Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou o melhor amigo da mulher, que aceno ao máximo no aeroporto, que chamo o táxi com grito.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que me importo com o sofrimento do outro, com a rejeição, com o medo do isolamento. Está dizendo que não tolero a omissão, a inveja, o rancor. Pode me chamar de gay. Está dizendo que vou esperar sua primeira garfada antes de comer. Está dizendo que não palito os dentes. Está dizendo que desabafo os sentimentos diante de um copo de vinho. Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou generoso com as perdas, que não economizo elogios, que coleciono sapatos.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou educado, que sou espontâneo, que estou vivo para não me reprimir na hora de escrever. Pode me chamar de gay. Que seja bem alto.
A fragilidade do vidro nasce da força e do ímpeto do fogo.
Fabrício Carpinejar.
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