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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O ateu Niemeyer fez Brasília, por exemplo. E o que fez o patifão barbudo que vive nas nuvens?


Depois de ler bastante coisa sobre o Niemeyer hoje, achei que esse texto do Flavio Gomes foi um dos melhores. 

Em 104 anos de vida dá para fazer muita coisa. Mas não dá para fazer Brasília, Curitiba, Niterói, Copan, Memorial da América Latina, Ibirapuera, Oca, Argélia, Paris, ministérios, fábrica de biscoitos, igreja, panteões, caminhos, hotéis, casas, edifícios, hospitais, marquises, catedrais, parques, centros culturais, mesquitas, praças, auditórios, pontes, passarelas, sambódromos, rampas, universidades, colégios, terminais de ônibus.

Um só não faz tudo isso, nem se viver mil anos. Só se for um louco, louco o bastante para transformar o que é reto em curva, sonhar uma cidade-monumento e erguê-la, imaginar espaços vazios cheios de graça, beleza e arte.

E ateu. Ateu o bastante para crer que nada mais há depois da morte, então que se faça tudo em vida, e Oscar Niemeyer fez. Recusou-se a morrer por 104 anos, porque eternidade é uma falácia, melhor não contar com ela.

E assim foi, mas felizmente nisso Oscar estava equivocado. A eternidade há, não para seres vivos como ele, que uma hora pifam, disso ninguém escapa, mas para aquilo que seres vivos como ele são capazes de deixar. Assim se vive eternamente: deixando algo.

Oscar Niemeyer passou 104 anos desenhando e construindo a eternidade. Conseguiu.

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