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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Carta aberta aos mandantes intangíveis da morte do menino João Antonio Donatti

Para Silas Malafaia, Marco Feliciano, Edir Macedo e demais pastores trambiqueiros, picaretas e apatifados; Marisa Lobo e sua abjeta e doentia psicologia-cristã; Padre Paulo Ricardo, Miryan Rios e demais padres e bispos católicos apatifados e igualmente trambiqueiros e picaretas; João Campos, sinistro deputadão-chefe da Frente Parlamentar Evangélica, pocilga fedorenta onde se reúnem os porcos que vomitam ódio travestido de "defesa da família"; LGBTT-fóbicos de todas as extrações e origens.

Prezados jaguaras sarnentos:

Em Goiânia, João Antonio Donatti, 18 anos, foi encontrado morto, brutalmente torturado, pernas e pescoço quebrados e, em sua boca, um bilhete sinistro: "vamos acabar com essa praga".

O menino João era gay e sua família vive hoje dor infinita que nunca terminará: as lágrimas secam, mas o punhal estará lá para sempre.


Temos 6 filhos e sete netos. Dos filhos, o mais novo e a mais nova são LGBTT, e saíram do armário faz muito tempo: não se escondem, não negam sua sexualidade, não fingem e nós os amamos e, pai e mãe imperfeitos que somos, temos o dever irrenunciável de proteger nossa família, decisão que proclamamos sempre que é necessário, como agora.

Enfatizamos que temos o dever irrenunciável de proteger nossos filhos, muito especialmente de gente como vocês, acima elencados. 

Gente da sua laia, bando de pulhas, ameaça nossos filhos e nossa família, de forma evidente e pornográfica, em cultos e missas e nas abomináveis transmissões de TV, em cadeia nacional. Vocês fazem isso todos os dias, dia após dia. 

Vocês não escreveram o bilhete, não quebraram as pernas e o pescoço, não mataram o menino João.


Mas vocês todos são os mandantes intangíveis do assassinato de João e dos outros mais de 200 LGBTTs mortos em 2014.


Vocês (ainda) não mandam ninguém sair pelo Brasil matando gays, nem mesmo estimulam abertamente seus seguidores obtusos a agredirem pessoas LGBTTs. Ainda não fazem isso, mas se pudessem, tropa de lazarentos, nós sabemos que fariam isso.

Na África, gente da sua laia prega em nome de deus, sem rodeios, "morte aos gays!"


Vocês todos são melífluos, modelam bem suas vozes de picaretas experientes (nas missas, nos cultos, no parlamento ou em consultórios), e são capazes até mesmo de falar em respeito, e de amor ao próximo.


Mas quando puxam seus livros supostamente sagrados - e fumegantes feito metralhadoras - só fazem disparar rajadas de ódio e, quando vomitam que os gays são "aberrações e abominações", ou que "sentimentos homoafetivos são podres", ou que "gays são doentes e precisam de cura", ou que o povo LGBTT "ameaça o futuro da humanidade" vocês todos, bando de canalhas absolutos, estão a estimular que obtusos mortais acabem "com essa praga". 


Vocês fazem a semeadura do ódio e todos são os mandantes intangíveis da matança e suas mãos estão sujas de sangue porque, aqui e ali, as sementes que vocês plantam germinam e pronto, mais um LGBTT será morto, mais uma família será tocada pela tragédia absoluta da perda de um dos seus.

De nossa parte, jaguaras sarnentos e notórios mandantes de assassinatos, seguiremos nossa modesta caminhada pela vida e pelo mundo de cabeça erguida: nós amamos. Vocês odeiam.

Paulo Roberto Cequinel
Sonia Fernandes do Nascimento
German Martins da Rocha (*)


(*) German é neto meio doidinho, mas não tem culpa: afinal, mora conosco desde que nasceu há 10 anos e, quando ouviu-me ler para Sônia o texto, disse, de prima: "eu assino!". Assinado está, meu menino.   

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