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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

domingo, 18 de março de 2018

ODE PARA MARIELLE

Copiei do indispensável Urublues

 

Marielle era mulher e negra a foi assassinada anteontem. Centenas de negros são assassinados no Brasil todos os dias. Muitos destes negros e negras assassinados eram policiais. Muitos cidadãos negros, muitos outros, mas que não são nem policiais nem soldados, são assassinados todos os dias.
Marielle era mulher e negra e vereadora. Foi eleita com 65.000 votos. Marielle não era só uma mulher negra: era uma delegada do povo. Ela representava milhares de pessoas, muitas pessoas mais que as que votaram nela. Marielle era um símbolo.
Marielle era negra e pobre. No entanto, venceu essas dificuldades, tornou-se socióloga, tornou-se militante. Em sua militância, conseguiu apoios e foi eleita vereadora. Uma vereadora dos pobres. Marielle era uma lutadora.
Mariele era vereadora e negra. Lutava pelos seus, os da Maré, da Rocinha, de Acari. Denunciava a morte de negros pela polícia. Denunciava a morte de policiais pelas milícias. Ajudava as famílias dos atingidos pela violência, sem distinção. Lutava contra a invasão das casas das pessoas sem mandado, contra a intervenção de Temer. Marielle era um alvo.
Marielle era vereadora e negra e mulher. Foi executada depois de denunciar as mortes que estavam ocorrendo sob a intervenção. Dois homens, cinco tiros, queima roupa. Coisa de gente que sabe do assunto. Marielle não é mais.
Marielle é uma, Marielle é muitas. Marielle é milhões.  Juntas as Marielles, de um lado e de outro da vida. A Marielle vereadora, a Marielle militante, a Marielle mulher, a Marielle lutadora. Marielle é mais.
Juntas as Marielles. Gritam seus gritos de dor e esperança. A Maré vai mudar. Marielle é um simbolo, um alvo. Marielle é mais.
Gritem todos que os direitos humanos só servem pra bandido. Quando a policia invadir sua casa, lembrem-se de Marielle.
(Jeff Picanço)

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