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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

De voar

(À maneira de Guimarães,
possível fosse,
que Rosa não posso)

De arribar sabem as aves, eu não.
Elas voando de muito longe daqui,
vindo de muito longe de lá,
das dobras do mundo.
De migrar sabem as aves, eu não.
De migrar muito sabem as aves, 
eu não.
O caminho do possível de ir-se,
fosse voando,
de coisa assim não atino,
pouca a minha ciência.
Eu não, que pavor muito me pesa.
De almas leves,
aves de bastante arribar,
crianças ainda,
de claro falar,
sendo pedra de dizeres ásperos,
às vezes,
é assunto que minha idéia tem.
De ver-se gente de gentil figura,
e galanteios,
duvidando de ser-assim,
de vôo de serena precisão,
de lonjuras,
pego a idéia de ir fiando o pano,
nele lançando o que há-de vir.
O pano tecido de idéias,
de não-limites, de sem-bordas.
Quando dou por realidade,
já arribei,
em asas que, agora,
de-voar tenho.
Pouso: é firme o chão daqui,
lugar de ir-se, e desato risos.
É que posso o de voar.
Asas de arribar o sonho.

PAULO ROBERTO CEQUINEL
Antonina, dezembro/2000

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