SOBRE O BLOGUEIRO

Minha foto
Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

domingo, 14 de novembro de 2010

Se alguma coisa cair em sua sopa, não se desespere

Acontece com freqüência de alguma coisa cair em nossa sopa, não é mesmo? Não se desespere, meu caro, minha prezada amiga, para tudo há solução. O Departamento de Soluções Não-Convencionais das Organizações O Ornitorrinco, graciosamente, diz como você pode e deve proceder em diferentes situações, enfatizando que, de maneira geral você precisa manter-se calmo e, sempre, verificará os sinais vitais daquilo que desabou em sua sopa, seja o que for: batimentos cardíacos, temperatura, saldo bancário, filiação partidária, cor e placa do veículo, dentre outras características e detalhes que possam permitir e facilitar o trabalho de nossas gloriosas autoridades militares, religiosas, desportivas, policiais e culturais.  

1. Como vozzê ezztá careca de zzaber, mozzcazz zzunem de maneira conzztante, ininterrupta e irritante. Azzim, zze uma cair em zzeu creme de azzpargozz, não fazza nenhuma zzena, não grite, não dê porrada na mezza. Tome a mozzquinha chata numa colher de zzopa, verique zzua colorazzão política e ideológica e, zze for uma mozzca tucana, convide-a para dividir o prato, dê-lhe umazz torradinhazz, um pouco de queijo ralado, trate-a muito bem: ela é integrante daquela porzzão brazzileira de mozzcazz zzuperiorezz, que votaram conszzientezz e de maneira inteligente em zzão jozzé zzerra atingido. Agora, zze for uma mozzca petizzta a coizza muda de figura, tenha muito cuidado: coloque-a na colher de zzopa e, zzem dó nem piedade, que ezza mozzcarada petizzta não merezze ezzes zzentimentozz, cubra-a com uma generozza porzzão de uma pimenta daquelazz bem ardidazz e filhazz-da-puta, pegue um palito e afogue o lazzarento e perigozzo inzzeto, até ter zzertezza da zzua morte, que ocorrerá quando ele parar de gritar a conzzigna “azz mozzcas, unidazz, jamaizz zzerão venzzidas!”
Eliminado o perigo vermelho, volte a aprezziar o zeu delizziozzo creme de azzpargozz.  

2. Do ponto de vista estatísco é praticamente impossível que um dia o nosso governador caia em sua sopa, mas, vai que acontece, não é mesmo, tucaninhos esperançosos?
Então, em acontecendo, fique serenamente calmo. Beto é um dos mais engomadinhos, limpinhos e cheirosos homens públicos deste país e sua sopa de legumes não sofrerá nenhuma alteração na cor, volume, sabor e aroma. Deixe que ele fale um pouco sobre o choque de jestão que receberemos, os paranaenses, já em 1° de janeiro de 2011 e aguarde a chegada de um oficial de justiça que virá lhe entregar cópia da liminar que proíbe que você faça qualquer comentário sobre a queda de um governador tucano dentro da sua sopa de legumes, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00.    
Como se sabe, cair em sopas causa o que a moderna psicologia política chama de “desconforto psicológico”.

3. Tucanos voam e, tal qual aviões e bolinhas de papel, às vezes desabam, alguns dentro do seu creme de ervilhas com bacon, my friend. Chame um bispo, um padre e um pastor, daqueles patifes, faça um panfleto sem assinatura ou qualquer identificação de origem, distribua doze milhões de cópias entre cristãos cagões e, se for apanhado com a mão na massa, diga que o fato de a gráfica ser da irmã de um dos coordenadores nacionais da campanha do patifão é mera coincidência. Deixe que o tucano tome seu creme – ele fará isso e dirá que foi obra de algum petista -mande-o embora, peça outra porção do seu creme favorito e uma rede de proteção.

4. Há diferentes e estranhas espécies de formigas sendo a mais perigosa a formiga-quebra-de-sigilo. Não vacile se uma delas, uma que seja, cair na sua sopa de aspargos. Toda sua movimentação financeira, incluindo os capilés que você remete mensalmente para as Bahamas, estará à disposição dos petistas de turbante, gente especializada na fabricação de dossiês. Chame a imprensa sadia e limpinha, diga que a formiga em questão foi filiada ao PT em 1976 e grite bem alto e com a cara-de-pau mais lustrosa que você conseguir, que o PT está aos poucos instalando uma ditadura violadora de sigilos, de cadeados e de lacres em geral no Brasil. E antes que você tenha que explicar porque sua renda declarada não condiz com seu patrimônio conhecido, troque a sopa de aspargos por uma porção de mandioca com queijo derretido.

5. Conforme nos mostrou conhecido blogueiro limpinho de Antonina, que estima que 80% dos lares brasileiros jamais foram visitados por um recenseador do IBGE, é mais fácil que o Beto “jestão chocante” Richa caia em sua sopa de milho verde do que um recenseador. O Ornitorrinco apurou com suas fontes murmurantes que há um único caso registrado, e teria ocorrido em Antonina, sudoeste do Espírito Santo, justamente durante o Censo de 2010. Socorrido pelo Grupamento de Bombeiros do lugar, o recenseador tratou de refazer suas anotações e entrevistas e, estranhamente, a população daquela cidade, após o incidente, aumentou de 18.568 para 345.897 habitantes, o que provocou o aumento, além dos repasses federais obrigatórios, da população de petistas sem-teto, de petistas-pedestres e de petistas-sem-academia, que passaram a invadir quartos nas casas de famílias tucanas, automóveis regularmente estacionados e academias de ginástica. Pesquisadores atribuem estas mudanças às qualidades da sopa de milho verde que o indigitado recenseador engoliu às pampas.    

6. Saboreando seu creme de abóbora com chuchu-do-brejo você, amigo tucano-esverdeado, é surpreendido pela queda de um poço de petróleo do pré-sal em seu prato. Calma, muita calma nessa hora, muita oração e muitos pedidos dirigidos a são josé serra atingido, a fernando henrique cardoso e ao seu ex-genro, o davizinho, que representa umas quantas empresas estrangeiras de petróleo, todas sem fins lucrativos, que querem, apenas e evidentemente, auxiliar o povo brasileiro a extrair do útero santificado e prenhe de riquezas da nossa terra-mãe tão distraída o máximo de petróleo no mínimo de tempo. Pegue um martelo daqueles de leiloeiro, vá para a parte nobre do salão do restaurante e, antes que algum petista estatizante e chato apareça, promova um rápido e sumário leilão do seu prato de sopa de abóbora com chuchu-do-brejo agora enriquecido com bilhões de barris de petróleo do pré-sal. E enalteça as virtudes derramadas por ato divino do deus mercado sobre a iniciativa privada, oh santo daime da competitividade em dólar, oh santo daime do custo Brasil, oh santo daime do cacete a quatro. Amém.     

7. Você levou um tempão para conquistar aquele moça bonita, a Lerroica Bjorkssöng do Pilar e, finalmente, ela aceitou o seu convite para jantar. Banho tomado, barba feita, que tucanos jamais usam barba, esse hábito bárbaro de petistas sujos e abortivos, a suave loção L’Eau du Tucanô nos lugares certos e vamos lá, o restaurante é muito chique - quem come em bandejão é essa petezada inculta -, e vocês decidem começar com um creme de tomate boliviano com toques de poison aux terrine très-bien, o vinho é um tinto Patifa Tucana da região do Lombroso Capado (Braga, Portugal), vindima de 2007, as velas estão acesas graças ao programa Velas para Todos, oh os olhares e os desejos, oh os suspiros de amor, oh a noite promete e, assim do nada, uma porra de um Ornitorrinco desaba no prato da sua amada, espalhando o creme no vestido branco virginal, melecando seu cabelo encaracolado e loiro, e ela grita de susto - quiospariu, benhê, que merda é essa? – e você também está todo sujo e, justamente muito puto dentro das calças pergunta ao mâitre, que olha a zona toda meio aparvalhado, Monsier Le Mâitre, Jean-Claude Profiterole Blanche, como é que este Ornitorrinco do caralho veio parar bem no meio da minha sopa, seu babaca?, e ele responde, em francês medieval da Haute-Provence-Sur-La-Merde, allouette, gentil allouette, je te plimerrê le cú, je te plimerrê le cú, son le cú, il le cú.       
Aproveitando-se da confusão, o Ornitorrinco sai pela esquerda, como é seu costume, levando o que sobrou: quase metade do vinho, as torradas, a manteiga e um pouco do poison aux terrine. E deu o número do seu telefone, discretamente, para a guria.

2 comentários:

Nayre disse...

Nosssaaa

Eu fui Agente Censitária Municipal de Antonina em 2007 e sei que é necessário que somente uma pessoa de cada residência responda um questionário do IBGE. E outra, o recensiador vai uma, duas, três vezes. Se o cidadão estiver dormindo ou 'fora de área'(duplo sentido), o rapaz não vai voltar mesmo, ora.

Só uma @nt@ cibernética pensaria essas coisas.

Nayre disse...

pardon: "o recensiador não, o recenseador".