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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mijando nos cantos: não ousem mexer com nosso filho!


Jean, meu filho mais novo, completou 17 anos no dia 1º de fevereiro e, decididamente, o piá é meio doido. Explico.

Meus filhos mais velhos, Paulo e Luciano, nasceram de gestação regulamentar, aquela de nove meses, mas Jean teve uma gestação muito mais longa: 10 anos, meus amigos, o guri nasceu em minha vida já com 10 anos e escolheu-me para ser seu pai: é ou não meio doido o meu rapazote? Com tantos pais bacanas e em melhores condições de conservação disponíveis no mercado, Jean escolheu logo eu, um pai já meio encalhado, velhote e ranzinza, e esquerdista bocudo que vive a dar vivas ao MST e ao povo cubano.

Pois Jean, então, está em minha vida desde outubro/2004, e tenho que contar pra todos vocês que ele é muito gente fina e que eu o amo muito.  

Carinhoso, amoroso, ainda que às vezes seja turrão e teimoso, com ele tive uma oportunidade rara, a de ser pai um pouco menos imperfeito do que fui para Paulo e Luciano, isto é, com ele tentei não cometer os mesmos velhos erros. Não sei se consegui, mas tenho tentado.

Jean escreve peças de teatro – e sei reconhecer um texto bacana quando encontro um – tem incrível facilidade para trabalhar coletivamente, é um excelente aluno, gosta de cozinhar (faz uns bolos estupendos), é capaz de preparar um chá e trazer para a mãe se ela está resfriada, mas tem um grave defeito, entretanto: do mesmo modo que os dois irmãos mais velhos, Jean é atleticano! Logo eu, coxa-branca vitorioso alçado ao Alto da Glória, tenho três filhos meio aparentados com sapos, já que o estádio deles é na Baixada. Enfim, é da vida, e segue o baile.

Ah, ia me esquecendo de dizer que Jean Carlos, meu filho mais novo, é gay e tem um namorado, e digo isso para deixar bem claro que, além de todas as outras qualidades que tem, meu menino é corajoso o bastante para assumir-se por completo, e só posso mesmo orgulhar-me de ser pai de um homem íntegro e digno assim.  

Mas quero mijar com fartura nos limites do meu território para deixar assentado, com clareza solar, que meu filho não será acuado pela intolerância, pelo preconceito ou por qualquer tipo de violência, e não terá que se esconder porque não tem do que se envergonhar e, sendo meu filho, eu o amo e eu estou com ele incondicionalmente e sem reservas. Se algum filho-da-puta de qualquer tipo e origem ousar mexer com meu menino, bem, estarão mexendo diretamente comigo, e qualquer espécie de dor que ele sentir doerá em mim. Vou repetir: não ousem mexer, de nenhuma maneira, com meu filho porque, se eu fosse vocês, jaguaras do atraso, da intolerância e do fogaréu medieval, eu não cometeria tamanha burrada: não me façam entrar em erupção.
Considerem-se perfeitamente avisados.



Paulo Roberto Cequinel
Sonia Fernandes do Nascimento
(pais orgulhosos de Jean)

3 comentários:

Profdiafonso disse...

Caro Paulo Cequinel [posso chamá-lo, assim?],

Só uma palavra devo proferir... Não, não... Duas palavras: BRAVO! BRAVO!

Abs extensivos à família!

Roanna disse...

Ó!!! Vc não ensinou nada direito, ensine, fio, os meninos serem Coxa Branca, por favor!!!!!

Luciano Cequinel disse...

Costumam dizer por aí que filhos são a evolução dos pais. Isso explica essa nossa paixão pelo rubro negro da baixada. Vemos que a evolucão nesse sentido para por aí, diante do fato de que minha pequena e cheirosa filhota, portanto, neta deste que aí que vos falou, também é atleticana.

Porém, no sentido real da vida, não tenho como deixar de agradecer publicamente este velho ranzinza que chamo de Pai. Ele me ensinou, junto com minha mãe, que uma pessoa é digna de respeito, independente de sua origem, raça, credo, cor, sabor, e orientação sexual.

Como faço parte destas minorias normalmente achincalhadas por esta sociedade mediocre em que nos encontramos (sou abertamente ateu), só posso manifestar total e irrestrito apoio ao meu pai e ao meu irmão mais novo nessa luta contra a intolerância medieval religiosa e patética em que nos encontramos atualmente.
Assim como minha moral está acima do que qualquer livro pseudo-psicografado pode determinar por aí, a moral de meu irmão é superior a do que qualquer cretino, filho da puta, católico pode declarar nesta vida e em suas reencarnações alucinadas.

Luciano Cequinel,
Irmão do meio.