E seguia a vida sem muitas novidades, homens e mulheres ocupados com sua dura faina e deus lá no seu canto, sentado numa nuvem, sem tugir nem mugir, nem incomodar as pessoas. Mas eis que notório picareta daquela tribo desapareceu por uns dias e ao retornar vestia roupas meio estranhas e falando de modo obscuro. Anunciou que fora procurado por deus e que o representava daquele dia em diante, que apenas ele sabia e entendia o que chamou de "os planos e desígnios de deus". Determinou, "em nome de deus", que a melhor e mais espaçosa construção da aldeia lhe fosse destinada e denominou-a "a casa de deus". Avisou que todos pagariam, "para a obra de deus", dez por cento dos seus rendimentos e que aqueles que nele não acreditassem queimariam na boca de um vulcão próximo, que o povo chamava de Inferno. E todos, enfim, desligaram seus cérebros e passaram a ser tangidos de um lado para o outro, e pronto, estava inventada a religião. E o deus inventado, ó, que não é besta está até hoje sentado na tal nuvem e falou uma única vez, depois de uns gorós: "vocês que me inventaram tratem de cuidar-me. Virem-se!". |
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